
"Não me admira que surjam novas forças políticas à direita e à esquerda"
Entrevistas improváveis (Ei): Vai ao congresso discutir ideias?
Manuel Alegre: Não, prevejo um dia de chuva bastante frio.
Ei: Mas é no congresso que pode discutir a linha que está a seguir o PS?
MA: Não pretendo discutir a linha que o PS segue, prefiro discutir a linha que o PS não segue…
Ei: Porque o partido era mais democrático?
MA: Não, porque não há maneira de avançar com o TGV e a linha de alta velocidade.
Ei: Mas deixe-me insistir na pergunta: não é importante ir ao próximo congresso discutir as alternativas do PS?
MA: Calma. Isso é aborrecido e até um pouco irritante. Se eu quisesse ir, ia.
Ei: Há quem diga que muitas das suas posições são pautadas com o cultivar de um espaço para poder voltar a ser candidato à Presidência da República.
Ei: Há quem diga que muitas das suas posições são pautadas com o cultivar de um espaço para poder voltar a ser candidato à Presidência da República.
MA: Ao longo da minha vida tenho cultivado inúmeras coisas. Cultivei beterraba, couve-roxa e até sardinha assada, muitas delas em casa da minha avó.
Ei: Falou num défice da oposição. Há quem diga que isso acontece porque o PS invadiu a direita, e portanto a oposição tem estado a fazer-se à esquerda. Acha que efectivamente as políticas do PS invadiram o território que outrora era do PSD?
MA: Acho isso demasiado confuso, nem entendo bem a pergunta. Já não me lembro bem das invasões, embora tenha o assassinato do arquiduque Francisco Fernando muito presente. As invasões russas também me chatearam bastante.
Ei: Mas à esquerda a oposição está forte, ou não?
Ei: Mas à esquerda a oposição está forte, ou não?
MA: O Sócrates corre com alguma frequência e o Louçã às vezes vai ao ginásio (penso eu).
Ei: E o PS terá capacidade de virar à esquerda ainda?
MA: Depende da direcção que tomar. Se for pela direita, é natural que vire na primeira à esquerda.
Ei: Se isso não acontecer, votará PS na mesma, em 2009?
MA: Em 2009 devo ir ao Egipto, há um hotel muito bom no Cairo onde ainda não estive. Não sei se regresso a tempo de votar.
Ei: E o senhor vota PS, ainda? A este tempo de distância das eleições...
Ei: E o senhor vota PS, ainda? A este tempo de distância das eleições...
MA: Pois. Se ficar por lá, voto como emigrante.
Ei: Estando no PS?...
MA: Não, no Cairo. Mas daqui até lá...
Ei: Já sentiu vontade de deixar o PS e passar a ser deputado independente, por exemplo?
MA: Desde a “Senhora das Tempestades” que não tenho sossego.
Ei: Já aconteceu, dentro do PS e noutros partidos...
Ei: Já aconteceu, dentro do PS e noutros partidos...
MA: Sim, mas eu não faria isso.
Ei: Mas, não estando no PS, onde é que o senhor poderia estar?
MA: No Cairo, como lhe disse.
Ei: A este tempo de distância, vê-se a participar numa campanha eleitoral ao lado do seu camarada José Sócrates?
MA: Isso é um problema meu! Estou, digamos, num período de reflexão. Fui candidato às eleições presidenciais, tive aquela votação, não foi um milhão, foi mais de um milhão, foi um milhão e cento e trinta mil, não um milhão centro e quarenta e dois mil, não um milhão centro e quarenta e sete mil, cinquenta mil, vá.
Peço desculpa pelo arredondamento [feito no lançamento da entrevista na rádio].
[risos] Foi um milhão e cento e setenta mil. E isso deu-me uma certa responsabilidade. Há muita gente que se volta para mim, e eu não sou a Santa da Ladeira, e me pede uma solução milagreira. Eu não tenho nenhuma solução milagreira no bolso, mas tenho uma lata de sardinha em molho de tomate e um saca-rolhas.
Ei: No partido ou no Governo?
MA: No bolso das calças.
Ei: E está a falar de José Sócrates, que é o líder do PS e primeiro-ministro?
MA: Com o José Sócrates tenho tido uma boa relação pessoal. Estas calças, por exemplo, são dele…
Ei: Isso significa que não será candidato a deputado nas próximas legislativas?
Ei: Isso significa que não será candidato a deputado nas próximas legislativas?
MA: Posso devolver-lhas entretanto…
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