sexta-feira, 2 de outubro de 2009


"Passos Coelho, Aguiar Branco, Paulo Rangel ou Marcelo Rebelo de Sousa?"

Entrevistas improváveis: Dr.ª Manuela, sendo a primeira entrevista que o Ei lhe faz, como se sente?

Manuela Ferreira Leite: Francamente emocionada. É uma honra só concedida aos melhores.

Ei: Não diríamos tanto, mas obrigado. Esta entrevista tem como finalidade discutir o futuro do PSD, na sequência do recente resultado eleitoral. Já tem as malas feitas?

MFL: Por acaso não. Como sabe, eu costumava vir sempre dormir a casa depois de acções de campanha longe de Lisboa.

Ei: Mas agora já deverá ter as malas à porta...do PSD...

MFL: Isso é diferente. Estão à porta mas não estão feitas. Eu não tenho muitas mudas e mesmo estojinhos de pintura de rosto também só tenho 1 que era do meu bisavô.

Ei: Bisavó...

MFL: Não, ela não usava. O meu bisavô é que não era tão bonito quanto ela e de vez em quando maquilhava-se para atenuar o choque. Eu tive sorte pois saí à minha bisavó...

Ei: Há uns anos atrás, Marcelo Rebelo de Sousa disse que só voltaria a ser candidato à liderança do PSD (se e) quando Cristo descesse à Terra. Acha que Cristo já virá a caminho?

MFL: Aproxima-se o Natal, é o momento do regresso do Senhor.

Ei: Acha, portanto, que a liderança do PSD ficaria bem entregue a MRS?

MFL: Não sei. O PSD é um partido forte, muito estruturado, com grande competitividade interna.
Ei: Tem mais competitividade interna do que externa, correcto?
MFL: Sim, ao nível do país somos mais fraquinhos: é raro passarmos dos 29%.
Ei: E Passos?
MFL: Passo a outro e não ao mesmo?
Ei: O que é isso?
MFL: Era uma piadola! Desde que fui esmiuçada no Gato Fedorento que ando com muito mais piada.
Ei: Voltando ao Passos Coelho... acha que é ele o sucessor?
MFL: Se ele será um sucesso ou não, não sei.
Ei: Ser sucessor não significa ter sucesso... é mais vir a seguir.
MFL: Sabe, eu ainda estou zangada. Não me houve ranger os dentes?
Ei: Ranger os dentes? Confesso que esta entrevista é a mais sui generis que já fiz...
MFL: ... era a ponte para me questionar sobre o Rangel. Percebeu?
Ei: Hum!... Pois. Mais ou menos, acho que estou um bocadinho em branco.
MFL: Em branco, homem? Mas não percebeu? Ranger os dentes, Rangel, tá a ver?
Ei: Pois, por isso estou em branco, Aguiar Branco, tá a ver?

Escutas no Palácio de Belém




“O meu e-mail está sob escuta”

Entrevistas improváveis: Sr. Presidente, muito obrigado por nos ter concedido esta entrevista, dado que não aceitou falar com mais nenhum órgão de comunicação social sobre o assunto das escutas.

Presidente Cavaco: O vosso e-mail foi interceptado pelo Sr. Técnico Informático que veio verificar a vulnerabilidade dos sistemas informáticos de Belém. Depois comunicou ao Chefe da minha Casa Civil e ele informou-me da entrevista.

Ei: Quer dizer então que o sistema informático já funciona bem?

PC: Não. Continua vulnerável, se não não teria visto o vosso e-mail.

Ei: Mas isso não é o normal, um e-mail enviado ser posteriormente recepcionado?

PC: É? Eu penso que isso deverá ser um sinal de vulnerabilidade. Mas deverei consultar os técnicos a propósito, porque isso poderá significar que Belém é acessível pelo exterior.

Ei: Fica portanto mais descansado por uma empresa informática lhe dizer que um sistema é (quase) sempre permeável?

PC: Sim, sim, por isso lhes pago bastante. Mas se não tivessem conseguido apurar nada disso, já tinha dado ordens expressas para não lhes ser pago 1 cêntimo.

Ei: Aborrece-o, Sr. Presidente, que o PS tenha tido conhecimento de que pessoas da Casa Civil do Presidente tinham participado na elaboração do programa de governo do PSD?

PC: Muito! Isso significa que estou sob escuta…

Ei: Mas o Sr. Presidente tem conhecimento de que, no próprio site do PSD se encontrava publicitada tal informação…

PC: Aí reside o problema: como acederam esses canalhas ao site do PSD?! Só terá sido possível pela World Wide Web, de acordo com os meus consultores informáticos. Ora isso não é admissível num país que se quer democrático. Não podemos permitir que as pessoas acedam á informação de outras por caminhos desconhecidos!

Ei: Mas a WWW é o ciberespaço…

PC: Ouça, não me tentem de algum modo condicionar o pensamento. É evidente que eu sei que se comemoraram recentemente os 30 anos da ida do homem à Lua. E que, apesar das limitações orçamentais, o programa espacial da NASA, Europeu ou Asiático, prossegue. Mas não me quer convencer de que o PS também já está envolvido em viagens aeroespaciais… Não me façam rir!

Ei: O Sr. Presidente sente-se escutado?

PC: Sinto que o meu e-mail está sob escuta.

Ei: E o que pretende fazer, agora?

PC: Escutarei os líderes políticos dos partidos mais votados, com assento parlamentar, mas pessoalmente, em silêncio.

Ei: Em silêncio? E porquê?

PC: Porque pode ser que assim aprendam na mesma moeda. Eles falam e eu consigo escutar, como acontece comigo quando estou ao serão com a Maria e eles escutam tudo.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008


“Trata-se de uma bóia de salvamento”

Entrevistas improváveis: Sr. Ministro, parece-lhe razoável o Estado dar garantias a um Banco cujo core se situa na área do private banking?

Teixeira dos Santos: Não sei isso do core. Vocês, jornalistas, têm a mania de que nós, ministros, temos que saber tudo de cor. Essa mania vem desde o tempo do desconhecimento do valor do PIB pelo Guterres. Outro dia, foram as dívidas da Saúde. Repare, eu apenas sai de cor que a minha mulher deve € 35 na farmácia, mas vamos arranjar uma receita. Comprei Omeprazol, pois foi, esta discussão do orçamento provocou-me imensa azia.

Ei: E as garantias ao BPP?

TS: Nós não iremos dar garantias ao BPP. Iremos garantir os empréstimos que este contrair junto da banca nacional. Ora, como sabemos, existe um risco sistémico de o sistema colapsar.

Ei: Como um baralho de cartas?

TS: Não, como um jogo de dominó. O chamado efeito de dominó.

Ei: Isso, esse efeito, trata-se de transmissão em cadeia?

TS: Não, nada do que decidimos dá cadeia.

Ei: Não lhe parece uma private joke, financiar um banco que se dedica ao private banking?

TS: É isso mesmo. Temos que encarar o futuro do sector bancário de forma positiva, com sentido de humor.

Ei: Mas os contribuintes portugueses não vão entender…

TS: Mas entendem os das Ilhas Caimão ou Faroe…

Ei: Mas esses não votam…

TS: Não governamos para os que votam em nós.

Ei: Voltando ao BPP; os clientes deste banco sabiam que tinham investimentos de risco.

TS: Os clientes não riscam nada. Aqui quem decide é o governo. A senhora ministra da educação é que tem que ouvir todas as partes envolvidas, eu não. Só me faltava ter que ouvir os 200 clientes do BPP…

Ei: 200?

TS: Vá, 100! Mas mesmo assim. São muitos e aborrecidos. O Balsemão, por exemplo, depois quereria potenciar o encontro comigo com cobertura noticiosa na SIC notícias, notícias no Expresso, reportagens na Visão sobre como decorrem as reuniões à porta fechada com os ministros, com o DN e o Bettencourt a querer também opinar e com a Caras. Trazia convidados e champagne e eu, como sabem, não bebo nas horas de trabalho.

Ei: Mas se os investimentos têm um risco associado, não lhe parece que os contribuintes não podem agora ser onerados desse risco?

TS: Os contribuintes portugueses já nos conhecem. Sabem que o risco de virem a ter que efectivamente suportar os custos da utilização das garantias, é mínimo.

Ei: Porque o dinheiro, desta vez, vai ser bem aplicado?

TS: Não, porque não irão gastar mais do que o salário mínimo.

Ei: Mas há pessoas a quem o salário mínimo faz muita falta….

TS: Porque não têm perfil de investidores. Se investirem as suas poupanças, poderão ver os seus rendimentos crescer. E depois, não necessitarão de mais ajudas do Estado.

Ei: O Estado não os está propriamente a ajudar…

TS: Parece-lhe que não? Então e quando forem grandes investidores e aplicarem os ganhos no BPP? Já se esquecia….

Ei: Isso é muito pouco provável…

TS: Tanto como esta entrevista. Mas na realidade, os contribuintes têm que compreender que o esforço que lhes vier a ser pedido não é nada, comparado com a perseguição que o Macedo lhes fazia, nos impostos.

Ei: Aquilo que se diz é que é sempre a eterna classe média a ser penalizada…

TS: Que ideia. É a classe média que tem mais carros, mais casas, mais emprego.

Ei: Porque são mais…

TS: Isso são. É uma classe que, em média, é maior do que as outras. Por isso se denomina “classe média”.

Ei: …pensei que isso tinha a ver com a classe de rendimentos…

TS: Por isso é que você é apenas jornalista e eu ministro.

Ei: Aahh…

TS: …Para além destas medidas, vamos igualmente reforçar os apoios de praia.

Ei: Os apoios de praia?! Mas ainda nem começou a época balnear!

TS: Sempre a mesma perspectiva de curto prazo. Só quando começa a onda de calor é que preparamos as épocas, balnear, florestal. Não! Com este governo, será o fim das eternas tábuas de salvação.

Ei: Pois…

TS: Doravante, utilizaremos apenas “bóias de salvamento”.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008




“Já acabámos, mas a minha mulher sabia”

Entrevistas improváveis: Qual o seu real envolvimento com a Sociedade Lusa de Negócios?

Dias Loureiro: Tivemos um caso, em tempos, mas já acabámos. A minha mulher sabia, agradeço-lhe que registe…

Ei: Não se preocupe, a ressalva será publicada. Continuando...pode descrever o tipo de envolvimento?

DL: Normalíssimo. Sabe, eu sempre gostei de água do Luso; no fundo, é disso que se trata.

Ei: Meteu muita água dessa?

DL: Muita, muita…

Ei: Mas ficou farto?

DL: Claro! Por isso fui ao Banco de Portugal, falar com o Marta…

Ei: Mas ele não diz isso. Ele diz que o Dias Loureiro lhe perguntou porque andava atrás dele…

DL: Acha isso verosímil? O meu envolvimento era com a Sociedade Lusa de Negócios, nunca quis nada com o Marta. Até porque, como deve saber, é extremamente difícil manter relações desse tipo.

Ei: Fale-nos da Sociedade Lusa de Negócios.

DL: Que dizer? Trata-se de uma Sociedade normalíssima, com quem me envolvi. É uma sociedade portuguesa, daí o “Lusa”. Foi uma escolha original e pertinente, sem dúvida: Lusa, diz logo que é portuguesa. E de negócios. Porquê? Porque faz…

Ei: …negócios?

DL: Isso! Vê? Tudo dentro de uma lógica de forte transparência…E esse era o nosso principal objectivo. Que as pessoas percebiam o que fazíamos, com total transparência.

Ei: E a irmã cabo-verdiana?

DL: É a irmã que todos gostaríamos de ter, quando vamos a Cabo Verde.

Ei: Eu não vou assim com essa frequência a Cabo Verde…

DL: Mas muita gente vai. E convém encontrarem lá conforto. Vá que é necessário levantar dinheiro. Está lá, é simples.

Ei: Mas o dinheiro nunca lá parou durante muito tempo, seguia directo para comprar…

DL: …coisas que fazem falta! Empresas, falidas ou não, com negócios, produção ou não, não interessa, dá sempre jeito, nunca se sabe o que faz falta.

Ei: Isso parece um pouco vago…

DL: Mas não é. Por exemplo, eu tenho a minha garagem cheia de tralha, guardo tudo, porque mais tarde pode fazer-me falta.

Ei: O Oliveira e Costa tinha papéis comprometedores escondidos numa cuba…

DL: Ele gostava de Cuba, mais do que de Cabo Verde. Não era por acaso. Ele escolheu uma cuba por questões afectivas.

Ei: E agora está preso…

DL: Não, isso não tem nada a ver.

Ei: Não acha estranho ele ter dividido todos os bens com a mulher em Março deste ano?

DL: Ele sempre foi muito amigo do seu amigo. E ela era seu amigo.

Ei: Sua amiga…

DL: Não, eu não a conhecia…

Ei: Não, de Oliveira e Costa.

DL: De Oliveira e Costa o quê?

Ei: Ela…amiga…

DL: Ele é que era.

Ei: Deixemos isso. Mas…ficou apenas com €20 mil e acções…

DL: Era mesmo muito amigo. E agora está pobre. Quem adivinhava que as acções iam desvalorizar tanto?

Ei: Pois…mas o Estado nacionalizou o BPN…

DL: Isso ajuda, mas não é tudo. Temos ainda muitos amigos que estão aflitos porque têm perdido dinheiro.

Ei: Gostava de ter uma Sociedade nova?

DL: Não. Agora só bebo Serra da Estrela.

Ei: Mas vai demitir-se do Conselho de Estado?

DL: Não. Gosto imenso do Cavaco. E ele de mim.

Ei: Mas pode colocá-lo mal…

DL: Não, eu tenho muito jeitinho e ele sabe disso.

domingo, 16 de novembro de 2008

"Não me admira que surjam novas forças políticas à direita e à esquerda"

Entrevistas improváveis (Ei): Vai ao congresso discutir ideias?

Manuel Alegre: Não, prevejo um dia de chuva bastante frio.


Ei: Mas é no congresso que pode discutir a linha que está a seguir o PS?

MA: Não pretendo discutir a linha que o PS segue, prefiro discutir a linha que o PS não segue…


Ei: Porque o partido era mais democrático?

MA: Não, porque não há maneira de avançar com o TGV e a linha de alta velocidade.


Ei: Mas deixe-me insistir na pergunta: não é importante ir ao próximo congresso discutir as alternativas do PS?

MA: Calma. Isso é aborrecido e até um pouco irritante. Se eu quisesse ir, ia.

Ei: Há quem diga que muitas das suas posições são pautadas com o cultivar de um espaço para poder voltar a ser candidato à Presidência da República.

MA: Ao longo da minha vida tenho cultivado inúmeras coisas. Cultivei beterraba, couve-roxa e até sardinha assada, muitas delas em casa da minha avó.

Ei: Falou num défice da oposição. Há quem diga que isso acontece porque o PS invadiu a direita, e portanto a oposição tem estado a fazer-se à esquerda. Acha que efectivamente as políticas do PS invadiram o território que outrora era do PSD?

MA: Acho isso demasiado confuso, nem entendo bem a pergunta. Já não me lembro bem das invasões, embora tenha o assassinato do arquiduque Francisco Fernando muito presente. As invasões russas também me chatearam bastante.

Ei: Mas à esquerda a oposição está forte, ou não?

MA: O Sócrates corre com alguma frequência e o Louçã às vezes vai ao ginásio (penso eu).

Ei: E o PS terá capacidade de virar à esquerda ainda?

MA: Depende da direcção que tomar. Se for pela direita, é natural que vire na primeira à esquerda.

Ei: Se isso não acontecer, votará PS na mesma, em 2009?

MA: Em 2009 devo ir ao Egipto, há um hotel muito bom no Cairo onde ainda não estive. Não sei se regresso a tempo de votar.

Ei: E o senhor vota PS, ainda? A este tempo de distância das eleições...

MA: Pois. Se ficar por lá, voto como emigrante.

Ei: Estando no PS?...

MA: Não, no Cairo. Mas daqui até lá...


Ei: Já sentiu vontade de deixar o PS e passar a ser deputado independente, por exemplo?

MA: Desde a “Senhora das Tempestades” que não tenho sossego.

Ei: Já aconteceu, dentro do PS e noutros partidos...

MA: Sim, mas eu não faria isso.


Ei: Mas, não estando no PS, onde é que o senhor poderia estar?

MA: No Cairo, como lhe disse.

Ei: A este tempo de distância, vê-se a participar numa campanha eleitoral ao lado do seu camarada José Sócrates?

MA: Isso é um problema meu! Estou, digamos, num período de reflexão. Fui candidato às eleições presidenciais, tive aquela votação, não foi um milhão, foi mais de um milhão, foi um milhão e cento e trinta mil, não um milhão centro e quarenta e dois mil, não um milhão centro e quarenta e sete mil, cinquenta mil, vá.

Peço desculpa pelo arredondamento [feito no lançamento da entrevista na rádio].

[risos] Foi um milhão e cento e setenta mil. E isso deu-me uma certa responsabilidade. Há muita gente que se volta para mim, e eu não sou a Santa da Ladeira, e me pede uma solução milagreira. Eu não tenho nenhuma solução milagreira no bolso, mas tenho uma lata de sardinha em molho de tomate e um saca-rolhas.

Ei: No partido ou no Governo?

MA: No bolso das calças.


Ei: E está a falar de José Sócrates, que é o líder do PS e primeiro-ministro?

MA: Com o José Sócrates tenho tido uma boa relação pessoal. Estas calças, por exemplo, são dele…

Ei: Isso significa que não será candidato a deputado nas próximas legislativas?

MA: Posso devolver-lhas entretanto…